O QUE DIGO
não vou contar
que sofro de gases
e tiro caquinha do nariz
escondido (ou nem tanto)
e que as vezes me divirto
soltando pum
e deixando todos constrangidos
que as vezes saio sem cueca por baixo
minto nos meus poemas
e finjo ser melhor amante
e mais romântico
e apaixonado
do que verdadeiramente sou
nem mesmo insinuo
o quão cretino me sinto
em alguns dias
quando percebo
o quão idiota é o mundo
e acho isso divertido
nunca contarei
das minhas loucuras ridículas
paranóias insanas
de minha mente fertil
nem dos deuses que invento
a cada manhã
lendo o jornal
ignorarei
que o leite fica mais caro a cada dia
e não existem mais
os leiteiros de drummond
e a caxinha longa vida
é feia de tão ascética
não direi a verdade
que não sei amar direito
que a paixão é a minha doença
e minha mente nunca fica
muito tempo nos mesmos pensamentos
e eu estou sempre olhando distante
nem escreverei
o quanto sou tosco
em meus pensamentos
que não dou muita bola
pra regras sociais de convivio
e as vezes
tenho vontade de mandar
tomar no cu
uma porrada de gente
em minha poesia
mostrarei somente
o que percebo
do mundo
impressões
a única verdade
objetiva
(Pedro Tostes)
10 comments:
inspirado meu querido, muito bonito o poema, viver é duro, com alguma poesia vale a pena, parabéns,Romulex
Verdadeiro demais! E sensível como pele de avó....
Parabéns Pedro!
Pedro, que bonito!
quanta autenticidade.
um abraço
Beatriz
Olá!
Gostaria de convidá-los para uma atividade do Movimento Cultural de Guaianases - uma Roda de Conversa sobre Literatura na Periferia.
Qual o contato de vcs?
Abraço!
Raimundo - rj.pj@ig.com.br
Deu saudade... mas uma vez poeta, sempre poeta, mesmo aos olhos do onipresente google rsrs
Adorei !!
Aninha
autêntico!
o leiteiro de drummond padeceu com a aurora... levando consigo toda uma geração...
mas não devemos chorar pelo leite derramado, não é mesmo? mesmo que causado por tiro injusto...
bonito poema!
ripa na muringa.
o infeliz sente-se livre.
nos becos do poema.
Muito verdadeiro!
Me identifiquei mto!
palmas.
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