Estamos por aí. Na correria. Na rua. Não temos séde, mas temos sêde. Não temos um espaço – cavamos o nosso em qualquer lugar. Chegamos junto. Sem caneleira. Firme. Duro. Mesmo que seja difícil. Mesmo que seja chato. Doa a quem doer. A questão não é ser ou não ser institucionalizado. Aqui é Brasil. As instituições não funcionam (de qualquer maneira um abraço pros parceiros). Mas essa não é a questão. Sobrevivência é a questão. Comer e correr pelo certo, Não Funciona.
Estamos no universo paralelo editorial, marginal só tietê e pinheiros. Nos arrabaldes e no centro nos encontramos, trocamos e buscamos leitores, mesmo porque brasileiro não entra em livraria nem em dia de chuva. Salve a rua e suas possibilidades. Nada de editorialismo barato-sensacionalista, o mercado nos punge a ser auto-suficientes. Não choramos a nossa condição, não nos auto-marginalizamos, tentamos estar aonde for. Entramos em portas abertas e chutamos as fechadas. Chegar junto maltrapilho em festa de bacana, Não Funciona.
Vanguarda de sopa é mosca. O que restou foi a capacidade de devoração, o velho é tiragosto para o novo que nasce velho por suas raízes fundas, inimagináveis. Nada é novo de novo, mas nem por isso vamos deixar de acreditar que folhas brotam nos galhos secos. Várias gerações convivem e nós apenas filmamos. Só nos interessa o que não é nosso, lei do homem, lei do antropófago. Sem preconceitos, deixa disso esse papo todo de contrapor apenas por não ser igual. O tempo é outro, plural. Em cada um de nós reside muitos, então porque não conviver? Juntar os supostamente opostos, Não Funciona.
Dos trópicos emanamos arte-ofícios mostrando o que brota aqui, mas sem esquecer diálogos universais. Ultrapassar a fronteira do eu é sempre mais difícil, romper as trincheiras egóicas é batalha de poucos mas necessária e urgente para renovar os estoques criativos, trocar referências e fazer crescer nossa produção. “O senhor me desculpe se acaso invadi a sua aprazível privacidade calma com o meu parco senso estético, mas é que pulula em nossas cabeças esse estranho desejo de comunicar.” Aqui incomodando apenas queremos saber se ainda é possível fazer a viagem de si a si mesmo. Continuará sendo a alegria a prova dos nove? Gritar alto em terras surdas, Não funciona.