Saturday, December 22, 2007

Natal do Bope


Ata da festa de Natal do Bope.

De Carlos Castelo.

No dia 23 dezembro de 2006, teve lugar na Sede campestre do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) uma confraternização entre soldados e oficiais pelo encerramento de mais um período de 12 meses de ocorrências contra o crime no Rio de Janeiro.

Às cinco e quinze da manhã da referida data, o cabo Honorindo leu a ordem do dia. De forma resumida, o texto relatava que a festa estava oficialmente cancelada. E que, até segunda ordem de autoridade superior, estava todo o Batalhão obrigado a ali ficar em estado de "alerta vermelho", pois a qualquer instante um de nossos comandantes passaria as instruções de uma nova incursão por alguma favela, boca-de-fumo ou equivalente.

Enquanto o documento não chegava, deveria-se aproveitar a decoração natalina da Sede e ir treinando tiro-ao-alvo e exercícios táticos de ataque-surpresa ao inimigo.

Sob a responsabilidade do tenente Duque, o Destacamento seguiu fielmente as determinações.

Metade fez fogo nos bonecos do terreiro do sítio até que nenhuma rena ou duende fosse mais do que um ínfimo e desprezível pedaço de papelão carbonizado.

A outra parte do Batalhão se dividiu em dois.

Um peru vivo foi algemado, amordaçado e colocado pelo tenente Duque num ponto desconhecido de todos.

Cada equipe tinha quinze minutos para localizar, desalgemar e retirar a mordaça do animal. Em seguida, deveria dar um jeito de arrancar da ave a informação de onde o capitão escondera o cabrito da ceia.

Quem conseguisse atingir o objetivo poderia comer peru e cabrito à moda do Bope: crus.

A Equipe "Saddam Hussein" venceu. Depois de ficar com a cabeça enfiada num saco plástico por cinco minutos, o peru abriu o bico. Além de apontar com a asa trêmula o local do esconderijo do cabrito (na sala de armas escondido embaixo de um lança-granadas), ainda dedurou um pato, um porco e um chester que iriam fazer parte das iguarias do jantar de Natal.

No momento em que todos eram degolados e colocados na salmoura, chegaram às mãos do sargento Cintra as ordens para a operação mencionada.

Doze homens experientes deveriam descer até o bairro da Tijuca, numa área fronteiriça à Favela da Rocinha e "desestabilizar" todos os papais-Noel da região. O Comando recebera a informação de que meliantes estavam repassando drogas vestidos de Bom Velhinho.

Tudo foi seguido à risca. Disfarçados de garis da Comlurb, os homens do BOPE surpreenderam a gangue rapidamente numa ação batizada, à maneira da Polícia Federal, de "Operação Ho Ho Ho".

No final do dia, 38 papais-Noel, 17 Reis Magos, quatro camelos e um São José Carpinteiro foram direto de seus "presépios" para o IML.

Segundo o Comando Maior da Polícia Militar, nunca na história policial do Rio foram tirados de circulação tantas figuras bíblicas como naquela data. Até um Herodes foi levado à carceragem da PM com ferimentos leves de escopeta na região do abdômen.

Em 24 de dezembro, o Batalhão voltou a se reunir na Sede campestre.

Meia-noite, o capitão Martins esparramou toda a ceia no chão e fez os recrutas lamberem com a língua enquanto pagavam 100 flexões de braço.

Nada fora da rotina do Batalhão.

Caveirão! Hurra!!

Carlos Castelo é cronista do Blônicas.

Friday, December 21, 2007

Rômulo e Leila

Chegando o natal, após confirmação de que a Revista Não Funciona 15 só ano que vem mesmo. Aproveitamos pra dar uma dica de compra cultural, já que o espírito natalino traz inevitavelmente uma disposição consumista, então que seja pelo menos coisas de conteúdo. Existe um casal de parceiros de nosso coletivo que desenvolve um trabalho muito bacana com roupas customizadas, telas, vinis envernizados, etc. Chamam-se Rômulo Alexis e Leila Monsegur e abaixo o link com respectivas obras:




Acessem os links e conheçam melhor o trampo de ambos, são muito bons e ótimos para "presentear".
Contato: atelier_aberto@hotmail.com

Ps: A imagem acima (do Rômulo) compôs a seção Plast_cidades da Revista Não Funciona 10 (Jul/07), que também teve a capa assinada por ele. A edição já está quase esgotada.