Saturday, December 23, 2006

Panorama "Outras Margens"
por Caco Pontes


Passada a maratona realizada pelo coletivo Poesia Maloqueirista, fazemos aqui um levantamento das sensações e experiências vividas neste período de 25/11 a 16/12, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, apelidada por nós como
“O aquário”. Nesta ocupação e apropriação que ocorreu em meio à aumento de ônibus, chuvas torrenciais, além das confusões urbanas, que sempre nos cercam, obrigando-nos a seguir os eternos planos B, que geralmente são um tanto improvisados, mas que acabam por nos salvar a pele no fim das contas...
malditos sejam(os)!

*R.A.D.A.R/ C.A.I-MAL

*Refeito Após Desastre Anacrônico Reacionário
Centro de Ação In-formal-espaço de proposição do caos cultural
O conceito R.A.D.A.R justifica esta nova empreitada que pintou pra gente, mantendo forte a sintonia com as principais tendências de arte contemporânea e independente, como já vínhamos fazendo desde setembro de 2005 quando essa louca viagem começou...
Nesta edição que também pode ser denominada Alagados/C.A.I-MAL, pois tamanha chuva invadiu o grande “aquário” e fez desta edição do evento a mais incomum e estranha, não que isso seja ruim, até porque caos cultural deve estar preparado pra essas coisas.Mas foi bem diferente, sem luz em cima, com velas, quase gótico, não fosse a força do Baque Bolado, que fez sua intervenção, inclusive para se comunicar com Sta.Bárbara (leia-se Yansã na cultura Afro-descendente), à "Duo Big Band" Sarabudja, Fred Barbosa, Lobão (1 da sul), Pilar e Pedro Lucas (mãe e filho) com a força de suas poesias, Zinho Trindade na responsa do freestyle, a irreverência d´A Pequena Japonesa, nós com o *Experimento Prosótypo e as eternas parceirinhas delicadas das “Encantadeiras” (Aline Reis, Inayara Samuel e Talita Del Colhado), com exposições de Rômulo Aléxis, Leila e Karol Pinheiro, sem edição nova da revista “Não Funciona”, pela primeira vez desde seu re-lançamento. Mas rolou dentro de nossas possibilidades. À boa vontade de quem colou na parceria: Seu Cláudio, Tito fazendo sua pesquisa de cultura popular, Super Júlia registrando nosso Maloca-Movie, os integrantes da nossa banda*(Jet, Xicó, Sabiá, Fadel, Tiago-Tripas) e por aí foi, outro ciclo c.a.i-malniano, que se fecha.

Debate: “A outra margem da poesia”

O bicho pegou no 1o debate organizado pelos maloqueiristas; não faltou arruaça: acidez de Pedro Paulo Rocha, sarcasmo do Carlos Careqa, ironia doce do Marcelino Freire, reflexões filosóficas e questionadoras do Tiago Mine, genialidade e simplicidade do Mauro Sérgio e moderação (necessária) do Vicente mediando a conversa, que teve seu pico de embate e polêmica a partir da provocação de uns espectadores, questionando valores do artista alternativo, causando uma maravilhosa rusga para não ficar no formalismo. A experiência foi intensa, depois Bar do Bill, comidinha caseira, cachaça, cerveja e bom bate-papo.

Concurso de poesia falada “Palavra Nenhuma”

Fomos surpreendidos, pois o concurso foi muito mal organizado, edital e regulamento demorou e só saiu na véspera, mas o bacana foram os kit´s literários que recebemos de doação, tendo como parceiros: Rato de Livraria, Frederico Barbosa, Marcelino Freire, Edson Lima (o Autor na Praça) , além de recebermos pessoas inusitadas que não tínhamos contato algum, confirmando as conspirações positivas do universo, como a Laís que chegou, participou e já garantiu vaga como membro efetivo do coletivo. É a nossa cara a mina, trincou no rolê...E o bom é que todos que participaram foram premiados devido às poucas inscrições, levaram pra casa pilhas de boa leitura, inclusive nossas amigas que acompanham o trabalho: Pilar e Fernandinha Rits, mas sem marmelada, foi voto de júri popular, na verdade uma grande brincadeira, valeu o exercício!

Sarau Maloqueirista

Proposta tradicional de livre expressão, com participações excelentes da Miriam (freqüentadora dos saraus do Nicanor, que também deu o ar da sua graça) tocando com sutileza e sensibilidade seu violão, cantando e encantando, além de várias pessoas que mandaram ver ali no momento, me falhando a memória para lembrar nome de todos... Mas a idéia é torná-lo tradição ano que vem para criar um fluxo contínuo. Lançamos a edição No.VII da revista “Não Funciona” na ocasião e saindo de lá fomos direto para a Rave Cultural na Casa das Rosas, agitar e tocar o terror com nosso megafone. Vendemos bem o novo exemplar e mais ainda o anterior com o belo marketing do Marcelino que atualmente tem lido seu conto, nos locais onde pinta, o “Da paz” publicado exclusivamente por nós (Não Funciona IV) , já que o “Estadão” vetou...Apresentamos com duas horas de atraso (6:00 a.m) nossa "interferência modulada" com programações eletrônicas sensacionais do Otávio Ortega, músico N´Os Sertões, do Teatro Oficina, participações do Jet, Tripas e Xicó (inseparável), além do sensacional Felip Flip, com “Eu não sou Chico Buarque” e abertura das “Encantadeiras”, amanhecemos no transe psicodélico e Break-Fast pros lariquentos da resistência de plantão!

Interferência Modulada

Esse evento botou pra fuder. Aquela velha história de tensão, atrasos, mas bombou conforme planejávamos. O povo vibrou com as performances poético-musicais de Encantadeiras, Marcelo Montenegro & Fábio Brum com suas “Tranqueiras Líricas” e nós na melhor apresentação dos últimos tempos com lo Experimento Prosótypo.
E pra levantar a moral lá no alto e avant (gard):
Dubversão-sistema de som, com ninguém menos que Yellow P.e Magrão estremecendo as paredes do aquário dando vazão às vozes poderosas do Mc Brother Culture:
Em 1982, Brother Culture, na época Kultcha B, era MCdo Jah Revelation Muzik Sound System que percorreupaíses como os Estados Unidos, Jamaica e Canadá. Em 1991 começou a cantar no "DuB Club" original de Londres. Ao longo de sua carreira visitou por volta de50 países como MC, da Jamaica a América do Norte,do México à África e também por toda a Europa. Pode ser escutado em produções dos selos Dubhead,M Records de Ryan Moore aka Twilight Circus, Roots Garden, System Error, Flex label, Dragonfly e LSDrecords.Nos últimos cinco anos envolveu-se em trabalhos com Nick Manasseh, um dos primeiros a introduzir oreggae dos Sound Systems nas rádios londrinas, além de acompanhar em turnês: Zion Train, Trojan Sound System do lendário selo Inglês que seusprimeiros lançamentos datam da fundação do Reggae. Além de Adrian Sherwood do revolucionário selo inglês ON-U Sounds, que tem no catálogo nomescomo Lee Perry, Bim Sherman e o grande Prince Far-I; além da “Lei Di Dai”, parceira querida desde os primórdios do C.A.I-MAL, que tem matéria publicada na edição atual da revista “Rolling Stone”, sendo considerada a “rainha do dancehall brasileiro”, aqui num é pouca coisa não galera.
Um agradecimento especial às pessoas que acreditam na Poesia Maloqueirista (essencialmente à Ana Rüsche) e aos que não acreditam, pois nos mantêm firmes e fortes na missão também. Ao Guia Boca-a-Boca que divulgou nossa série( fudidos sem assessoria de imprensa real) à Valéria Calado (que nos salvou todas as vezes que faltou eq.de som) ao Miguel do Dubversão que abraçou nossa empreitada, Davi Tavares e Karol Pinheiro, Sabrina, Dri , Júlia, Emília, Frederico Barbosa, às incontáveis pessoas que por aqui passaram e claro a Berimba de Jesus e Pedro Tostes, sem os quais nada disso seria possível. Uma excelente virada pra todos e ano que vem nos encontramos novamente para abalar as estruturas.
Diversão garantida ou sua televisão de volta!